Audiência pública na Câmara reúne comunidade LGBT e autoridades
A Câmara Municipal de Boa Vista realizou nesta terça-feira, 12, uma audiência pública para tratar de políticas públicas na garantia dos direitos humanos para a população LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros).
A audiência foi solicitada pelos vereadores Professor Linoberg Almeida (Rede), Genival da Enfermagem (PTC), Aline Rezende (PRTB) e o vice-presidente Júlio Medeiros (Podemos). Um relatório com todas as discussões será elaborado e enviado às autoridades competentes, para que conheçam da realidade da comunidade LGBT.
Entre os palestrantes, estavam ativistas da causa LGBT e representantes da Prefeitura de Boa Vista, da Universidade Federal de Roraima (UFRR), e da Ordem dos Ministros Evangélicos de Roraima (Omer).
A necessidade do respeito aos LGBTs e o clamor por uma convivência igualitária entre todos na sociedade foi consenso entre os participantes da audiência.
Fundador do grupo DiveRRsidade e vice-presidente do Conselho Estadual LGBT, o psicólogo Sebastião Diniz alertou para o alto número de manifestações de ódio aos homossexuais, atos que, muitas das vezes, acabam em assassinatos. “É preciso que nós tenhamos um comportamento combativo à discriminação. Hoje, a cada 25 horas, um homossexual é assassinado e deixa de estar do lado da família”, destacou.
Presidente do Conselho Estadual LGBT, a servidora pública federal Silvia Reis, que se autodenomina travesti, falou de seu sofrimento pessoal em não ter seu nome social reconhecido, sobretudo, no serviço público.
“Mais do que sei que é viver sem política pública. Passei muitos anos da minha vida sem ser chamada pelo meu nome social”, destacou se referindo ao nome que trans e travestis preferem ser chamadas, ao invés do nome de registro que não reflete sua identidade de gênero.
Representante da Ordem dos Ministros Evangélicos de Roraima (Omer), o pastor Silas Pas defendeu que o povo evangélico não discrimina quem escolhe ser LGBT. “Procuramos ajudar a todos caminharem em paz e segurança, mas a escolha é de cada um de nós. Isso é pessoal e intrasferível”, afirmou.
Representante da Prefeitura de Boa Vista, a procuradora-geral do Município, Marcela Medeiros, destacou que as políticas públicas devem ser pensadas para proteger as pessoas. “Nós devemos trabalhar para o bem comum, com amor, respeito, independente das dificuldades e diferenças de cada um”, declarou.
O vice-reitor da UFRR, Améryco Lira, disse que a universidade “continua firme no propósito de levantar essas discussões, pensando no tratamento de humanos, de pessoas, de histórias. Isso é uma coisa que tem que ser tratada com muita responsabilidade, com a presença do Estado, no sentido de fazer políticas públicas para tratar de seres humanos, de forma respeitosa”.
Para o presidente da audiência pública, Professor Linoberg, “a Câmara deu um passo gigantesco na necessidade de respeitar as pessoas, independente de quem elas sejam, a partir de valores, princípios, direitos e deveres que todos devemos ter nesta cidade”.